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Plantas Nativas

Junho, 2021

As plantas NATIVAS, SILVESTRES OU AUTÓCTENES são ainda desconhecidas para a maioria das pessoas. São plantas originárias do próprio território onde se encontram, e muitas vezes são chamadas de 'mato', 'daninhas', 'invasoras' apenas porque ocorrem entre as plantas cultivadas trazidas de fora. As pessoas acham que não podem ocorrer ali e tratam de arrancá-las sem ao menos dar-lhes uma chance de conviverem harmoniosamente com as outras espécies no jardim.

Mas se pararmos para analisar a dinâmica da própria Natureza veremos que ela não é estática e que as plantas se espalham através de meios próprios, como o vento ou mesmo as aves e outros animais que transportam sementes. E as plantas nativas, por serem mais adaptadas ao solo e clima locais, sempre levam vantagem. Ainda bem, porque trazem benefícios enormes quando permanecem em seu habitat natural, pois são menos exigentes quanto ao consumo de água ou adubos.

E as plantas exóticas, por sua vez, causam impactos na paisagem e na ecologia, se forem predominantes, com natural prejuízo da Biodiversidade.

Na implantação do Paisagismo, as plantas exóticas e nativas podem fazer parte da mesma paisagem, mas de forma que uma não invada o espaço da outra, cuidando para que haja um equilíbrio ambiental.

Quando optamos por dar espaço à plantação de espécies nativas, temos a chance de explorar a riqueza da nossa flora local, tão diversa e rica, inclusive como plantas ornamentais de beleza singular.

E por quê não ampliar esse leque para as plantas que além de nativas, também são comestíveis? Como a maioria das pessoas tem uma alimentação básica muito homogênea, monótona e globalizada essa abordagem oferece a possibilidade de abrir novos caminhos para a descoberta de novos sabores e ainda cuidar mais da saúde, já que muitas das plantas comestíveis cultivadas em jardim podem oferecer usos medicinais além de gastronômicos.

E as PANC? As 'Plantas Alimentícias Não Convencionais' contemplam todas as plantas que têm uma ou mais partes ou porções que podem ser consumidas na alimentação humana, sendo elas exóticas, nativas, silvestres ou espontâneas. Estão ligadas a filosofia e preceitos muito antigos, como a Fitoalimurgia, que é o ramo da ciência que se ocupa da alimentação através das plantas espontâneas. Mais recentemente encontram maior ênfase pela (re)valorização dos alimentos regionais, saudáveis e cada vez mais disponíveis, graças a chefs do mundo contemporâneo que tentam resgatar essa idéia de consumir o que a natureza nos oferece na sua forma mais espontânea.

A idéia de ter um jardim diverso, com plantas ornamentais e comestíveis dividindo o mesmo canteiro tem sido bastante divulgada em nossos projetos, e entendemos que esse caminho nos mantém conectados com a prática da sustentabilidade. Queremos contribuir para a expansão da consciência, compartilhando idéias como esta, possibilitando um conhecimento maior sobre as plantas e suas utilidades que muitas vezes vão além da beleza ornamental.

Afinal, muitas são as maneiras de fazer essa simbiose e cabe a nós, profissionais do Paisagismo, orientar quais espécies podem crescer juntas, quais maneiras de oferecer o solo para que melhor se desenvolvam, e garantir que as espécies plantadas não sejam potencialmente invasoras ou exigentes de recursos, ao mesmo tempo trazendo um toque natural aos jardins, sem perder a característica que cada um deve ter, do mais romântico ao mais contemporâneo!

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Foto: Jardim com capuchinhas (Tropaeolum majus) e capins.

Neste jardim, por exemplo, as capuchinhas ( Tropaeolum majus) dão um show, com o colorido alegre de suas flores, e o aroma peculiar que exalam quando amassadas nos levando a um estado de espírito tão leve quanto as borboletas que as visitam constantemente.

E podemos neste caso, usufruir também dos seus sabores – as folhas jovens da capuchinha são bem picantes e têm sabor e aroma similares ao agrião e à rúcula. Os frutos são as próprias alcaparras. E as flores enfeitam os pratos e são comestíveis, além de deliciosas!!

Muitos são os seu usos culinários, e compartilho aqui duas receitas feitas com as folhas e frutos da capuchinha, para inspirar os amantes da boa mesa!!

Enroladinhos de folhas de capuchinha

Faça branqueamento das folhas de capuchinha para manter a coloração e, especialmente, para facilitar os procedimentos de dobraduras. Recheie as folhas com arroz colorido e incremente com condimentos, castanhas ou sementes que tiver disponível e sua criatividade indicar. Enrole e dobre bem as folhas formando um charutinho. Cozinhe no vapor e decore com flores comestíveis da mesma espécie.


Picles dos frutos de capuchinha

Colha os frutos imaturos da capuchinha e coloque-os em água salgada por três dias, trocando a água com sal a cada dia. Depois aqueça o vinagre temperado( com alho, pimenta, etc.), coloque as frutos em vidros esterilizados e cubra com vinagre. Aqueça em banho-maria por 5 minutos. Esta conserva pode ser usada nas receitas que levam alcaparras, como alternativa a essas.

Bibiografia
Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil,
de Valdely Ferreira Kinupp e Harri Lorenzi